domingo, 15 de março de 2009

Relatório final

Ao longo deste trabalho apercebi-me que consigo ser menos superficial do que era no que toca à interpretação de textos e à escrita dos mesmos. Gostei do decorrer do blog e sobretudo de o poder relacionar com assuntos do meu interesse como com certas músicas e certos filmes. Embora o meu tema tenha sido uma peça de Luís de Sttau Monteiro devo confessar que a obra que mais gostei de ler (das que incluí no trabalho) foi A cena do Ódio de Almada Negreiros. Desde o ano passado que conhecia o Manifesto Anti-Dantas, devido a um amigo que partilha os mesmos gostos que eu, manifesto este que me pôs vários sorrisos na cara. Adorei a maneira satírica que Almada usou para se exprimir, mas ainda gostei mais dessa forma de expressão na obra que usei para concluir o meu trabalho. Nunca nenhum texto me suscitou tanto interesse quanto esse. O único aspecto em que senti dificuldades de incluir no blog foi o quotidiano, pois não encontrava a presença do fogo no meu dia-a-dia e por isso resolvi incluir as músicas e os filmes. De resto, foi uma "tarefa" que me agradou e que não criou muitos problemas.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Relatório da Visita de Estudo

Como estava previsto a visita de estudo começou por volta das 15 horas do dia 19 de Fevereiro. Encontrámo-nos todos no Rossio, na Rua da Bestesga, local que fui eu a apresentar explicando que uma firma que ali existia foi um dos locais de trabalho de Fernando Pessoa, como correspondente: a firma Lima Mayer & Perfeito de Magalhães. De seguida o nosso professor de Geometria presentou-nos com uma informação acerca da estátua D. Pedro IV que achei piada. Quando acabámos de falar sobre isso dirigimo-nos para o sítio onde estava a Tabacaria Mónaco que tinha uns desenhos nos azulejos com animais a fumar: uma analogia interessante. Achei a ida à estação de comboios do Rossio demasiado curta, porque me impossibilitou de ver todos os quadros, mas fiquei a saber que Ofélia morava muito perto da estação, e que Fernando Pessoa a esperava num café na mesma zona. O único sítio que estava com receio de ir devido ao meu medo de alturas, foi um dos que permanecemos durante mais tempo: O Elevador de Santa Justa, de onde tinhamos uma bela vista sobre Lisboa. Mais tarde fomos ter à Brasileira, um dos meus cafés favoritos que normalmente é o ponto de encontro no meu círculo de amigas nas Sexta-Feiras à noite, antes de irmos para o Bairro Alto. E eu que sou uma meticulosa apreciadora de café, a Brasileira é um dos sítios onde gosto mais de o beber. A última parte da visita, para mim, foi no café Martinho da Arcada, onde Fernando Pessoa ia regularmente com amigos e com Ofélia.

Uma boa visita de estudo, mas principalmente um bom ambiente de turma.

sábado, 7 de março de 2009

Fim proposto

Como já tinha referido, vou anunciar um fim que proponho a esta obra, um que eu gostaria de ver o General dizer. Para tal, recorri a parte da obra de Almada Negreiros chamada A cena do Ódio:

"Ó Horror! Os burgueses de Portugal
têm de pior que os outros
o serem portugueses!
A Terra vive desde que um dia
deixou de ser bola do ar
p'ra ser solar de burgueses.
Houve homens de talento, génios e imperadores.
Precisaram-se de ditadores,
que foram sempre os maiores.
Cansou-se o mundo a estudar
e os sábios morreram velhos
fartos de procurar remédios,
e nunca acharam o remédio de parar.
E inda eu hoje vivo no século XX
a ver desfilar burgueses
trezentas e sessenta e cinco vezes ao ano,
e a saber que um dia
são vinte e quatro horas de chatice
e cada hora sessenta minutos de tédio
e cada minuto sessenta segundos de spleen!
Ora bolas para os sábios e pensadores!
Ora bolas para todas as épocas e todas as idades!
Bolas pròs homens de todos os tempos,
e prà intrujice da Civilização e da Cultura!
Eu invejo-te a ti, ó coisa que não tens olhos de ver!
Eu queria como tu sentir a beleza de um almoço pontual
e a f'licidade de um jantar cedinho
co'as bestas da família.

Eu queria gostar das revistas e das coisas que não prestam
porque são muitas mais que as boas
e enche-se o tempo mais!
Eu queria, como tu, sentir o bem-estar
que te dá a bestialidade!
Eu queria, como tu, viver enganado da vida e da mulher,
e sem o prazer de seres inteligente pessoalmente!
Eu queria, como tu, não saber que os outros não valem nada
p'ra os poder admirar como tu!
Eu queria que a vida fosse tão divinal
como tu a supões, como tu a vives!
Eu invejo-te, ó pedaço de cortiça
a boiar à tona d'água, à mercê dos ventos,
sem nunca saber que fundo que é o Mar!
Olha para ti!
Se te não vês, concentra-te, procura-te!
Encontrarás primeiro o alfinete
que espetaste na dobra do casaco,
e depois não percas o sítio,
porque estás decerto ao pé do alfinete.
Espeta-te nele para não te perderes de novo,
e agora observa-te!
Não te escarneças! Acomoda-te em sentido!
Não te odeies ainda qu'inda agora começaste!
Enioa-te no teu nojo, mastodonte!
Indigesta-te na palha dessa tua civilização!
Desbesunta te dessa vermência!
Destapa a tua decência, o teu imoral pudor!
Albarda te em senso! Estriba-te em Ser!
Limpa-te do cancro amarelo e podre!
Do lazareto de seres burro!
Desatrela-te do cérebro-carroça!
Desata o nó-cego da vista!
Desilustra-te, descultiva-te, despole-te,
que mais vale ser animal que besta!
Deixa antes crescer os cornos que outros adornos da
Civilização!
Queria-te antes antropófago porque comias os teus
– talvez o mundo fosse Mundo
e não a retrete que é!"

A relação que eu vejo entre as duas obras:
As palavras a negrito são as que podem ser substituidas pelas palavras que estão entre parêntesis.

"Ó Horror! Os burgueses de Portugal têm de pior que os outros o serem portugueses!"
(Principal Sousa, D. Miguel Forjaz e Beresford)
"Houve homens de talento, génios e imperadores."
(General Gomes Freire)
"Precisaram-se de ditadores, que foram sempre os maiores."
(Beresford)
"E inda eu hoje vivo no século XX a ver desfilar burgueses trezentas e sessenta e cinco vezes ao ano, e a saber que um dia são vinte e quatro horas de chatice e cada hora sessenta minutos de tédio e cada minuto sessenta segundos de spleen!"
(século XVIII, perseguição, opressão, injustiça)

No resto da obra quando Almada Negreiros inveja tudo aquilo que refere, podemos ver um apelo à paz, à pureza das almas, no sentido em que todos procuram denunciar todos e isso gera um clima de desconfiança que perturba a mente das pessoas. Ele pede para as pessoas se manterem puras e resistirem aos males da sociedade (apesar de todo este "apelo" ser processado de uma maneira extremamente crítica e satírica) "Albarda te em senso! Estriba-te em Ser! Limpa-te do cancro amarelo e podre!" Ele quer que as pessoas tomem uma atitude, que reajam, porque ele pensa que mais vale reagir e ser falado e talvez repreendido por isso do que ser uma "besta" igual a todos os outros corruptos da sociedade.

O fim da peça

Na obra Felizmente Há Luar! existe um leque de personagens que deseja incriminar o General, personagens essas que são:

• Vicente, que representa a hipocrisia e o oportunismo. É materialista pois pretende uma ascensão social rápida.
• Andrade Corvo e Morais Sarmento que representam a cobardia, a traição e a subserviência.
• D. Miguel Forjaz que representa a prepotência e a corrupção.
• Beresford que representa o castigo e a denúncia de traidores, a superioridade inglesa e o desprezo por Portugal
• Principal Sousa: fanático, corrompido pelo poder eclesiástico e odeia os franceses.


Estas personagens são todas símbolos de tirania, opressão, traição, injustiça e todas as formas de perseguição, e têm um alvo em comum: o General Gomes Freire de Andrade que acaba por ser morto devido à exaustiva perseguição por parte destas personagens.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Menina do Mar - Recordações

Lembrei-me deste livro já não me lembro bem porquê e quando fui folheá-lo vi algumas falas relacionadas com o meu tema.
Alguns excertos do livro Menina do Mar de Sophia de Mello Breyner:

"- Não; mas tem lá dentro uma coisa maravilhosa, linda e alegre que se chama o fogo. Vais ver."

"A Menina deu palmas de alegria e pediu para tocar no fogo."

"- Isso - disse o rapaz - é impossível. O fogo é alegre mas queima.
- É um sol pequenino - disse a Menina do Mar."


"E o rapaz soprou o fósforo e o fogo apagou-se."

"- Não sou bruxo. O fogo é assim. Enquanto é pequeno qualquer sopro o apaga.
Mas depois de crescido pode devorar florestas e cidades.
- Então o fogo é pior do que a Raia? - perguntou - a Menina.
- É conforme. Enquanto o fogo é pequeno e tem juízo é o maior amigo do
homem: aquece-o no Inverno, cozinha-lhe a comida, alumia-o durante a noite.
Mas quando o fogo cresce de mais, zanga-se, enlouquece e fica mais ávido, mais
cruel e mais perigoso do que todos os animais ferozes."

Fotografias

Aqui estão algumas fotografias retiradas do site Olhares.com: