sexta-feira, 29 de maio de 2009

Memorial deste trabalho - Relatório

Este trabalho permitiu-me desenvolver a minha escrita e expressar as minhas ideias e opiniões apesar deste ser relacionado com a obra que estamos a estudar neste período. A parte que gostei mais foi escrever os diários na pele de cada personagem porque isso exigiu que eu "investigasse" com algum cuidado as particularidades da personalidade de cada personagem. Espero que as minhas ideias tenham sido transmitidas conforme eu queria porque foi um dos meus objectivos aprofundar um pouco a matéria que já sabíamos e juntar a isto algumas curiosidades. Não senti muitas dificuldades em desenvolver o trabalho e gostei de o fazer, mas devo confessar que devido às agitações do 3º período não consegui dedicar-me a este tal como pretendia.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Same old fire, another flame (2)

Novamente concluí que existe uma grande ligação entre o título do meu blog e o tema do trabalho. No primeiro período relacionei-o com a peça "Felizmente Há Luar!" ao aperceber-me das características da personagem Matilde, e desta vez o papel da mulher reforça-se, para mais uma vez me dar a oportunidade de a destacar com a seguinte letra da música dos Led Zeppelin, chamada The Wanton Song:

"Silent woman in the night, you came, Took my seed from my shaking frame.
Same old fire, another flame, And the wheel rolls on.

Silent woman through the flames, you come, From the deep behind the sun
Seems my nightmares, have just begun
Left me barely holding on.

With blazing eyes you see my trembling hand.
When we know the time has come
Lose my senses, lose command
Feel your healing rivers run

Is it every time I fall, That I think this is the one
In the darkness can you hear me call
Another day has just begun.

Silent woman, my face is changed
Some know in ways to come.
Feel my fire needs a brand new flame
And the wheel rolls on.... rolls on."


Novamente a parte que me interessou foi:

"Same old fire, another flame, And the wheel rolls on.
Silent woman through the flames, you come,
From the deep behind the sun
Feel my fire needs a brand new flame
And the wheel rolls on.... rolls on."

Tradução:

O mesmo fogo antigo, outra chama, e a roda gira.
Mulher silenciosa que vens das chamas,
Tu vens do profundo atrás do sol
Sente o meu fogo que precisa de uma nova chama
E a roda gira… gira…

No contexto da obra poderíamos interpretar o primeiro verso como: a corrupção e perseguição antigas, outro poder/rei, e a força de vontade mantém-se.
As "chamas" no segundo verso poderiam significar, simbolicamente, os poderes sobrenaturais de Blimunda.
O terceiro verso tem uma coincidência fantástica pois a força que está por detrás dessa mulher, falada na música, é o Sol e quem está por detrás de Blimunda é Baltasar Sete-Sóis, que tal como o sol, representa para ela a sua razão de vida, a sua fonte de "alimentação" e a iluminação dos seus dias.
O quarto verso pode muito bem representar as etapas que Blimunda tem de ultrapassar ao ficar doente por recolher as duas mil vontades, e ao procurar Baltasar por alguns anos. Novamente "a roda gira" simboliza neste contexto a enorme força de vontade desta mulher que se mantém e cresce após tudo isto.

Nesta obra não há força maior que a de Blimunda. Nela estão representadas todas as características positivas, ou seja, qualidades que qualquer mulher desejaria ter. E ao interpretarmos esta frase temos de ter em atenção que o interesse de Saramago não foi retratar a riqueza e a fama que todos procuram mas sim o bem-estar interior, a sensatez e a humildade, os sentimentos bons pelos outros e a preocupação com os mesmos e o mais importante, a força de vontade, valores estes essenciais para qualquer vida bem concretizada. Aspectos estes que à primeira vista não são os que nos passam pela cabeça quando nos perguntamos pelas coisas que fariam de nós boas pessoas e também pessoas felizes. Engraçado é o facto que, supostamente, para o sexo masculino, a felicidade seria uma coisa mais fácil de alcançar do que para as mulheres já que a esse sexo foram atribuídas melhores e vantajosas qualidades físicas que à partida nos superam. Desprezando este tipo de preconceitos e sublinhando a vontade de que estes desapareçam, esta é uma das razões pela qual, na minha opinião, Saramago optou por atribuír esse papel a uma mulher. Mulher essa que não é uma princesa ou uma rainha, ou qualquer outro cargo de grande estatuto, mas sim uma pura e simples mulher.

sábado, 23 de maio de 2009

Obras e esclarecimentos

Devido aos acontecimentos de Sexta-Feira, 22 de Maio de 2009 queria apenas esclarecer umas coisas. Em resposta ao presidente do conselho executivo, José Paiva pela sua afirmação: "'Houve aqui uma expressão juvenil eventualmente trabalhada, não se sabe bem em que termos." A expressão juvenil apenas foi trabalhada desde o momento em que a ministra da Educação entrou na escola e não antes. Falando por mim e pelo grupo de pessoas que estava comigo revoltado com toda esta situação, não são com as ditas obras que discordamos completamente, apesar de na minha opinião, a Escola António Arroio (e não Arroios como disseram nos telejornais) não precisar das "novas oportunidades" destacadas nas plantas expostas. A revolta inicial deu-se pela indignação dos alunos ao verem todo o aparato sem aviso anterior. Visto que a escola é um local onde maioritariamente se encontram alunos, deveriam ser estes a ser esclarecidos e não os que já sabiam de tudo. Acho uma vergonha não nos darem a oportunidade de expormos as nossas preocupações e sugestões, pois se o tivessem permitido estaria tudo num papel e na boca de um representante escolhido para falar com os "convidados" e não na boca de centenas de estudantes, uns com ideias fixas e outros que ultrapassaram completamente a preocupação principal, numa manifestação. A escola é para o nosso uso! E como o senhor primeiro-ministro me disse: "É pena não estarem aqui para o ano para poderem assistir à nova escola." eu digo que preferi estar lá nos últimos anos do que é a António Arroio a ter uma "nova oportunidade". O problema mais importante e esquecido por todos os jornais e talvez o único que não tenha passado a quem deveria ter chegado foi o facto de mais uma vez os alunos não poderem participar num projecto feito para os mesmos e ninguém, nem mesmo as pessoas da nossa escola, ter tido a decência de nos informar do que se estava a passar para que pudessemos estar envolvidos neste projecto e para sermos ouvidos! Não falo das obras em si, mas das preocupações a que estas nos remetem e que gostaríamos de expôr. Reparem que ninguém quer atirar ovos e fazer cartazes, apenas queremos que nos sejam atribuídos os direitos que temos e que não nos tratem apenas como pessoas de 15 a 18 anos mas sim como Pessoas iguais a todas as outras que têm o direito de falar e serem esclarecidas.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Serpico

Mais um filme, outra história. Este relata uma história verídica sobre corrupção. Esta injustiça foi vivida por um polícia, não dos de agora, mas por um que ainda se preocupava mesmo com a segurança da sociedade e com a honestidade do seu trabalho, elementos com que actualmente poucas pessoas se preocupam. A ilegalidade que se presenciava era a existência de subornos que os polícias recebiam de criminosos (e a quantidade de dinheiro sem passar por quaisquer tipos de impostos não era pouca) para que eles não os prendessem. Essas quantidades eram atribuídas mensalmente a todos os polícias e só um é que recusava participar nesse tipo de corrupção, sofrendo inúmeras discriminações devido a essa nobre atitude. Essa notícia foi anunciada por este homem chamado Serpico, à famosa revista "Times", e a partir desse momento a sociedade percebeu que não estava em segurança e que não podia viver tranquilamente porque não existia ninguém de confiança. O meu objectivo com este texto é comparar este tipo de atitudes com as que a Inquisição tomava. "A Inquisição era um tribunal eclesiástico destinado a defender a fé católica: vigiava, perseguia e condenava aqueles que fossem suspeitos de praticar outras religiões. Exercia também uma severa vigilância sobre o comportamento moral dos fiéis e censurava toda a produção cultural bem como resistia fortemente a todas as inovações científicas. Na verdade, a Igreja receava que as ideias inovadoras conduzissem os crentes à dúvida religiosa e à contestação da autoridade do Papa." Tal como o momento em que Frank Serpico espalhou a notícia escandalosa, em que milhares de pessoas se sentiram revoltadas e inseguras, Blimunda, Baltasar e Bartolomeu "sentiram" a perseguição, a repreensão, a condenação, a vigilância e a tentativa de proibição de construir a passarola. Como conseguiam viver as pessoas de mente aberta e puras dessa época? Essa pergunta faço-a, com o receio da resposta ser: não conseguiam por muito tempo, porque eu, sabendo como sou, sei com toda a certeza que não me iria dar bem num ambiente desses, apesar das épocas e mentalidades serem outras. Fica aqui o apelo à honestidade e à preocupação com a comunidade (e não apenas com nós próprios) para que se assim fosse, tal como escreveu Almada Negreiros, "talvez o mundo fosse Mundo e não a retrete que é!" Apelo a mais Frank Serpicos que existam algures para que apareçam e falem, e que nos preocupem, porque a preocupação pode ser o elemento mais importante para a origem de mudanças. Mudanças essas que precisamos como nunca antes precisámos.


Al Pacino como Frank Serpico

domingo, 17 de maio de 2009

Baltasar como pintura

No 2º período, numa aula de História da Cultura e das Artes deparei-me com um quadro que me fez lembrar de imediato Baltasar. O quadro é de Kirchner, de 1915 e chama-se "Self-Portrait as a Soldier". Baltasar foi soldado na guerra de sucessão espanhola, donde foi expulso por ter ficado mutilado da mão esquerda.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Veracidade deste memorial

Quando li este livro a primeira coisa que me chamou a atenção foi o existir de uma personagem tão peculiar como Blimunda. Peculiaridade vista através desse nome tão invulgar mas principalmente pelos poderes que a caracterizavam. De onde teriam inventado esses poderes? Porquê sequer a presença de poderes numa história como esta? Estas eram algumas das perguntas que eu fazia até que decidi começar a procurar o porquê desta mulher. Deparei-me com artigos sobre a importânica do sexo feminino nas obras de Saramago e como as mulheres poderiam ser tão fortes como os homens ou tão fracas como há quem as caracterize. Um bom exemplo disso seria a diferença entre Blimunda e a rainha D. Maria Ana de Áustria. Esta primeira é caracterizada como uma enorme força de vontade, uma mulher incapaz de desistir dos seus objectivos. Qualidades que confirmamos com o contruir da passarola, o súbito adoecer devido à recolha das duas mil vontades e ao assistir da condenação da sua mãe. No entanto a rainha é representada como uma mulher submissa que não parece saber o significado de impôr-se. O mais engraçado para mim será talvez a ironia da classe das personagens e da sua caracterização. A meu ver veria mais facilmente uma rainha a ter as características de Blimunda e uma mulher do povo que sofre dos males da altura a ser como a rainha.
No decorrer da minha pesquisa encontrei vários documentos que falavam sobre a existência de uma mulher "anormal" que tinha poderes.

"Esta rapariga, motivo de assombro para quem a conhece (...) possui desde a mais tenra idade o dom de ver o interior do corpo humano bem como as entranhas da terra. Aparentemente os seus olhos são como os do comum dos mortais, apenas muito grandes e verdadeiramente belos (...) A sua vista penetra a terra no lugar onde há nascentes que ela descobre a uma profundidade de trinta ou quarenta braças, sem recurso de vara; diz com precisão o curso da água, a profundidade a que se encontra a nascente e distingue as cores e a variedade das camadas de terra que existem sob a superfície. Este dom maravilhoso só o usufrui quando está em jejum."

Anónimo, «Descrição da cidade de Lisboa», in O Portugal de D. João V visto por três forasteiros.

"Confesso que não me atrevo a explicar o dom que ela possuía de ver o corpo humano, bem como o dos animais, por dentro e outrossim o interior da terra a uma grande profundidade (...) Não era possível duvidar da faculdade desta mulher a descobrir as águas subterrâneas."

Charles Fréderic de Merveilleux, «Memórias intrutivas sobre Portugal», in O Portugal de D. João V visto por três forasteiros.

Estes relatos fazem me então pensar na existência da loucura de quem os escreveu ou no fenómeno que foi esta mulher. Mais uma vez a partir desta informação, Saramago conseguiu contruir uma história digna de filme ao misturar o romance, o convento, o sonho, a morte e os poderes num só livro.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Paralelismos

Ao lermos esta obra podemos comparar certas acções a coisas já passadas. As que destaco são:

Quando no início do livro Blimunda encontra pela primeira vez Baltasar, ela pergunta-se acerca do seu nome no decorrer de um auto-de-fé, sítio onde se dá a morte do seu amado:

"Que nome é o seu, e o homem disse, naturalmente, assim reconhecendo o direito de esta mulher lhe fazer perguntas".

Naquele extremo arde um homem a quem falta a mão esquerda".

Talvez o local de encontro destes amantes onde se conheceram pela primeira vez fosse um prefácio para o que os iria separar. Tudo devido à perseguição pela Inquisição, ou seja, tudo acaba onde começou.

Quando a Inquisição condena a mãe de Blimunda no início do livro e no final da história é condenado Baltasar e finalments a comunicação que Blimunda tem com a sua mãe e com Baltasar, ambos num momento de desespero:

"não fales, Blimunda, olha só com esses olhos que tudo são capazes de ver";
"adeus Blimunda que não te verei mais".


"Então Blimunda disse, Vem. Desprendeu-se a vontade de Baltasar Sete-Sóis".

Na minha opinião o amor que Blimunda tem pela mãe que está prestes a ser condenada é reforçado desde o momento em que conhece Baltasar que de certa forma a completa. A mãe de Blimunda e Baltasar são duas forças fulcrais para esta personagem. Uma que simboliza os seus poderes e outra que simboliza o amor. Ambas simbolizam uma cara-metade.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Barroco e Jazz

Na aula em que pudemos ouvir as músicas que a professora pôs a tocar anotei os seguintes tópicos:

Música Barroca: Muito entusiasta quer o tema fosse feliz ou triste. É frequente o uso do orgão. Os sons são rápidos e curtos. Utilização de uma escala num tom preferencialmente agudo.
Literatura: A linguagem é antiquada e isso verifica-se nas expressões utilizadas por Saramago. É frequente a invocação da religião e o uso de uma linguagem dramática devido à quantidade de figuras de estilo utilizadas.
Jazz contemporâneo do Barroco: Este tipo de música segue o Barroco mas utiliza tons mais graves e prolongados assim como instrumentos modernos. Recorre também ao estilo próprio do Barroco (sons rápidos e agudos) mas com um ritmo mais próprio do Jazz. A velocidade com que se repete o "tema padrão do barroco" vai aumentando conforme a música decorre e vão sendo introduzidos novos instrumentos.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Relatório

Desde a data em que criei este blog tenho tido muito mais gosto por escrever e por abrir a mente e deixar sair os meus pensamentos. Tenho escrito sobre coisas que me afectam e que eu julgo serem frequentes no quotidiano e tenho tentado relacionar a matéria com questões que possam originar temas de debate e que nos façam pensar. Como já não é obrigatório relacionar a matéria e o quotidano com o elemento já me sinto muito mais à vontade para escrever e daí não ter tido dificuldades. Espero que o meu trabalho feito até agora corresponda ao pedido para que possa continuar a escrever sobre assuntos semelhantes.
Quando comecei a ler esta obra não senti grande entusiasmo devido à maneira esquisita com que apelidamos a escrita de Saramago e devido à história entre a rainha e o rei que me fazem lembrar de História, disciplina que nunca andou de braço dado comigo. O tema que mais gostei de escrever foi o "B de (2)" porque está relacionado com uma pesssoa que eu conheço muito bem, talvez até a que eu conheço melhor e provavelmente por isso ter tirado tanto proveito de o ter feito. Continuarei assim a escrever com agrado e vou fazer ainda esta semana uma entrada no blog relativamente às musicas que ouvimos na aula inseridas no Barroco, como de Scarlatti e de Jazz.

domingo, 3 de maio de 2009

sábado, 2 de maio de 2009

B de (2)

Bárbara: Significa estrangeira e associa-se a uma pessoa original, que está sempre em busca de novidades. Por isso, quando sente que as suas tarefas estão a ficar rotineiras, trata logo de mudar de actividade. Criativa, pode fazer sucesso nas artes ou na literatura, mas não se preocupa muito em ganhar dinheiro com isso.

Beltrão: (anglo-saxão) Negro e brilhante.


Bárbara é o nome pelo qual chamo a minha melhor amiga e é com ela que partilho exclusivamente os meus sentimentos e tudo o que me rodeia. É ela que me percebe e que me aconselha. É a ela que agradeço por me permitir ser como sou e por ainda abençoar-me por isso. Obrigada por tudo o que deste de ti desde que nos conhecemos. O conhecer para nós não é algo linear mas sim de uma profundidade tal que não precisamos de falar para ambas sabermos o que a outra está a pensar. É quando essas coisas acontecem que sabemos o verdadeiro significado de conhecer! És tu quem distingue e quem criou os meus sete sorrisos. Todos diferentes, todos usados cuidadosamente mas inconscientemente.
Oh barbara que eu gosto tanto de ti! Um tanto que não se mostra pela amplitude de quanto os meus braços abrem mas sim por muito mais do que isso! Vamos viver outra vez com a intensidade que vivemos! Sem ligar ao que outros dizem de ti ou de mim, vamos as duas puxar os cordelinhos do mundo! Vamos ser pequenas para sempre que eu não quero ser grande! Não quero crescer e preocupar-me com as coisas dos crescidos, quero apenas estar ao teu lado e não ligar a tais preocupações com que os outros se deparam. Vamos à procura da terra do nunca e torná-la a terra do sempre! És a melhor pessoa do universo e repara que ele é infinito! Vamos fugir as duas deste mundo e desta ira imensa que lhe pertence!

Será o B a causa desta ternura? Poderá ter sido o Saramago a juntar-nos? Tu serias quem? Provavelmente a Blimunda por seres o anjo que és e por teres o cuidado de sentir tudo o que te toca, uma qualidade que à tua maneira é só e só tua! Obrigada Bárbara por me ensinares um novo significado da palavra Amizade. Obrigada!

sexta-feira, 1 de maio de 2009

B de (1)

B de Baltasar:
"Do germânico: Protegido por Deus."

B de Blimunda:
"Do germânico: Representa a força, a contestatação do poder e a resistência."

B de Bartolomeu:
"Do Hebraico: Vencedor nato."


Será uma grande coincidência o facto do nome das três personagens principais desta obra, que se ajudam umas às outras, começar por B? Eu não acredito. O número 3 é conhecido por ser o número do Divino, mas já que esta história representa um trio terrestre isto siginifca que o 3 precisará de passar para o 4: número da terra. Esse quarto elemento surge na personagem de Domenico Scarlatti, um músico. Sendo quatro o número da totalidade, podemos agora dizer que o trio estava à espera de ser completo. Baltasar significa "protegido por Deus" e segundo a minha opinião acho este significado bastante apropriado, não fosse Baltasar ter perdido uma mão na guerra. A partir desse momento observamos à quase destruição desta personagem por se tornar num vagabundo, coisa que acabou quando conheceu Blimunda. A força que a retrata podemos vê-la através do recolher das duas mil vontades e do seu estado debilitado que através de Scarlatti depressa melhorou. A contestação do poder podemos verificar logo desde o início quando a mãe de Blimunda é condenada por ser acusada de feiticaria. A resistência é o que simboliza tudo o que ela passa. Desde a condenação da mãe até aos nove anos de angústia à procura de Baltasar. Bartolomeu significa "vencedor nato" e acho que esta expressão pode ser corroborada desde o momento e que o seu sonho é construir a passarola e fazê-la voar, e para isso este padre tem de "lutar" contra a Inquisição e continuar a acreditar no seu sonho: um padre que se deixou levar pela ciência, coisa que era muito controlada pela Igreja - a sua suposta casa. Domenico aparece agora para ajudar este trio no seu trabalho aliando o engenho e a magia com a arte. Foi com a sua música que Blimunda recuperou do seu estado débil. Mais uma vez sendo a personagem Blimunda a que melhor representa a força, é esta a única pessoa do trio que sobrevive, apesar da vida não ter sido sempre tomada como um dado adquirido ao longo da sua história. Outro aspecto importante: Bal-ta-sar e Bli-mun-da. Ambos os nomes são compostos por três sílabas, número que nos leva ao divino. Nessa divindade está subentendida o amor entre estas duas personagens que parece nada ter de imperfeito e a perfeição não é coisa que pertença à terra mas sim aos divinos. Do-me-ni-co e Bar-to-lo-meu. Ambos os nomes são compostos por quatro sílabas e desta vez este número leva-nos à terra. Elemento subentendido nas duas personagens: em Bartolomeu porque a terra para ele foi apenas um motivo para sair dela mesma - através do seu sonho da passarola e também porque a ciência é algo que pertence à terra pois se a ela não pertencesse, esta não existira devido à falta de fenómenos à espera de serem estudados. Domenico neste caso representa a costrução da passarola e a vontade de ver Blimunda "regressar à terra" e não a de a ver ir para debaixo desta. Scar-la-tti. Domenico Scarlatti que é conhecido por estes dois nomes é uma personagem que representa tanto a terra como o divino. Como neste nome apenas vemos três sílabas é aqui que vemos o divino através da sua arte: a música, através da qual Blimunda recuperou da sua doença o que nos permite classificar esta cura como divina.