segunda-feira, 25 de maio de 2009

Same old fire, another flame (2)

Novamente concluí que existe uma grande ligação entre o título do meu blog e o tema do trabalho. No primeiro período relacionei-o com a peça "Felizmente Há Luar!" ao aperceber-me das características da personagem Matilde, e desta vez o papel da mulher reforça-se, para mais uma vez me dar a oportunidade de a destacar com a seguinte letra da música dos Led Zeppelin, chamada The Wanton Song:

"Silent woman in the night, you came, Took my seed from my shaking frame.
Same old fire, another flame, And the wheel rolls on.

Silent woman through the flames, you come, From the deep behind the sun
Seems my nightmares, have just begun
Left me barely holding on.

With blazing eyes you see my trembling hand.
When we know the time has come
Lose my senses, lose command
Feel your healing rivers run

Is it every time I fall, That I think this is the one
In the darkness can you hear me call
Another day has just begun.

Silent woman, my face is changed
Some know in ways to come.
Feel my fire needs a brand new flame
And the wheel rolls on.... rolls on."


Novamente a parte que me interessou foi:

"Same old fire, another flame, And the wheel rolls on.
Silent woman through the flames, you come,
From the deep behind the sun
Feel my fire needs a brand new flame
And the wheel rolls on.... rolls on."

Tradução:

O mesmo fogo antigo, outra chama, e a roda gira.
Mulher silenciosa que vens das chamas,
Tu vens do profundo atrás do sol
Sente o meu fogo que precisa de uma nova chama
E a roda gira… gira…

No contexto da obra poderíamos interpretar o primeiro verso como: a corrupção e perseguição antigas, outro poder/rei, e a força de vontade mantém-se.
As "chamas" no segundo verso poderiam significar, simbolicamente, os poderes sobrenaturais de Blimunda.
O terceiro verso tem uma coincidência fantástica pois a força que está por detrás dessa mulher, falada na música, é o Sol e quem está por detrás de Blimunda é Baltasar Sete-Sóis, que tal como o sol, representa para ela a sua razão de vida, a sua fonte de "alimentação" e a iluminação dos seus dias.
O quarto verso pode muito bem representar as etapas que Blimunda tem de ultrapassar ao ficar doente por recolher as duas mil vontades, e ao procurar Baltasar por alguns anos. Novamente "a roda gira" simboliza neste contexto a enorme força de vontade desta mulher que se mantém e cresce após tudo isto.

Nesta obra não há força maior que a de Blimunda. Nela estão representadas todas as características positivas, ou seja, qualidades que qualquer mulher desejaria ter. E ao interpretarmos esta frase temos de ter em atenção que o interesse de Saramago não foi retratar a riqueza e a fama que todos procuram mas sim o bem-estar interior, a sensatez e a humildade, os sentimentos bons pelos outros e a preocupação com os mesmos e o mais importante, a força de vontade, valores estes essenciais para qualquer vida bem concretizada. Aspectos estes que à primeira vista não são os que nos passam pela cabeça quando nos perguntamos pelas coisas que fariam de nós boas pessoas e também pessoas felizes. Engraçado é o facto que, supostamente, para o sexo masculino, a felicidade seria uma coisa mais fácil de alcançar do que para as mulheres já que a esse sexo foram atribuídas melhores e vantajosas qualidades físicas que à partida nos superam. Desprezando este tipo de preconceitos e sublinhando a vontade de que estes desapareçam, esta é uma das razões pela qual, na minha opinião, Saramago optou por atribuír esse papel a uma mulher. Mulher essa que não é uma princesa ou uma rainha, ou qualquer outro cargo de grande estatuto, mas sim uma pura e simples mulher.

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