domingo, 22 de fevereiro de 2009

V for Vendetta

Mais um filme, este já o conheço há algum tempo e chama-se (em português) V de Vingança. O vídeo abaixo contém uma das cenas que mais gostei de ver em filmes. É a apresentação da personagem principal à mulher que mais tarde o irá ajudar.

Aqui está a fala:
"Voila! In view humble vaudevillian veteran, cast vicariously as both victim and villain by the vicissitudes of fate. This visage, no mere veneer of vanity, is a vestige of the vox populi now vacant, vanished. However, this valorous visitation of a bygone vexation stands vivified, and has vowed to vanquish these venal and virulent vermin, van guarding vice and vouchsafing the violently vicious and voracious violation of volition. The only verdict is vengeance; a vendetta, held as a votive not in vain, for the value and veracity of such shall one day vindicate the vigilant and the virtuous. Verily this vichyssoise of verbiage veers most verbose, so let me simply add that its my very good honour to meet you and you may call me V."




Uma parte importante deste filme foi a necessidade de confiança entre as duas personagens de que falei. Para essa confiança ser sólida V faz coisas terríveis que aterrorizam Eve, mas que a fazem entender a sua causa. V agarra-se à sua causa dessa maneira devido ao seu passado. E é quando nos dão a possibilidade de ver esse passado que vemos o porquê da maneira de ser de V. Vemo-lo surgir do fogo, prometendo vingança, e é este fogo que faz nascer este herói chamado V:

Scarface

Há pouco tempo, vi um filme que me apaixonou. Todos os dias tenho pensado sobre as falas que mais gostei de ouvir nesse filme e sobre a personagem que me encantou... é raro ver um actor entregar-se num papel que aos olhos dos outros seria desprezível mas que para mim conseguiu a minha admiração. Parabéns ao Al Pacino, mas sobretudo ao Tony Montana (a personagem de que falei anteriormente). Este filme é uma pequena amostra do que continua a ser a realidade embora tivesse sido realizado em 1983, pois conta-nos a história de um homem que queria subir na vida a todos os custos e que de facto o conseguiu, apesar desse feito ter sido o seu maior arrependimento devido ao sofrimento que causou na sua família e amigos. A sua vontade de subir na vida foi crescendo tal como o fogo se propaga, e a destruição que essa vontade causou pode ser comparada à destruição que o fogo causa. Deixo aqui uma música que faz parte da banda sonora deste filme cujo título é The world is Mine. Essa frase é a grande frase do filme, é a frase que aparece quando Tony Montana ainda não tinha alcançado o que queria, é a frase que o move, que o faz ter tudo aquilo que sonhava mas também é a frase que o destrói. Um excelente filme que merece ser visto, e uma excelente força que se enquadra tão bem no meu tema.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Falas

Aqui estão algumas das falas que mais gostei de ler nesta peça relacionadas com a morte do general:

Sousa Falcão - "Não estou de luto por ele, Matilde, mas a noite passada não pude dormir. Passei a noite a pensar, e, de madrugada, percebi que não sou quem julgava ser..."

Matilde - "O clarão da fogueira! Quando o virmos, já ele está aqui ao pé de nós! Foi para o receber que eu vesti a minha saia verde!"

Matilde - "Julguei que isto era o fim e afinal é o princípio. Aquela fogueira, António, há-de incendiar esta terra!"

Matilde - "Olhem bem! Limpem os olhos no clarão daquela fogueira e abram as almas ao que ela nos ensina! Até a noite foi feita para que a vísseis até ao fim..."

The Doors - Light my Fire

sábado, 7 de fevereiro de 2009

A relatividade das coisas

Estava eu hoje a ler a minha revista de eleição, a Vogue, quando me deparei com um artigo chamado: “A felicidade existe?” Antes de o começar a ler a minha cabeça já estava às voltas com milhares de respostas a essa pergunta como por exemplo: a felicidade é relativa, ninguém consegue ser feliz a vida inteira, existem pessoas que nem sabem o que é a verdadeira felicidade porque não se dão ao luxo de sofrer, e.t.c… O artigo começava com definições de Aristóteles, Epicuro, Séneca e Eduardo Punset. Continuei a ler sem me interessar muito pelas definições porque sinceramente na minha opinião emoções definidas como se fossem lições de vida não significam nada, cada um tem a sua maneira de sentir, e eu bem sei disso. A minha melhor amiga e eu somos o oposto no que toca a sentimentos, ela é sensível, tudo que lhe interesse mexe com ela enquanto que eu sou um caso diferente. Normalmente dizem-me: “Que horror Vera, que insensível!” ou “és tão fria!”, mas sinceramente tanto se me dá como se me deu porque como já tentei esclarecer, a minha ideia de sentir não tem um significado que se vá procurar ao dicionário e que se tome como igual para todos. Nada disso. Gostei especialmente da parte em que se falava do hedonismo: “Deu-se uma gande transformação na nossa ideia de um fundamento natural para o prazer. Até há vinte, trinta anos atrás, achavamos que este tinha que ver com as relações biológicas naturais, e o que se lhe escapava era o alucinigénio, as drogas ou o desviante.” A palavra que me intrigou mais neste excerto foi “relações” e não no contexto em que se encontra mas sim no sentido bruto da palavra. Quase todas as pessoas associam felicidade ao ter relações quer seja de cariz amoroso ou de amizade, pois eu não. Sem querer ser rude não são as pessoas reais de carne e osso que me fazem feliz tirando a pessoa que já falei aqui, mas sim as pessoas que vejo nos meus filmes de eleição, como no Feiticeiro de Oz, onde adoro o espantalho e o homem de lata. Adoro as suas personalidades e só o lembrar-me da minha fala favorita desse filme me faz estampar um sorriso na cara: “Fecha os olhos e bate os calcanhares um no outro três vezes, e pensa para ti mesma: Não há sitio como a nossa casa…”. Isso sim para mim é felicidade, poderia dar mais exemplos dessas pessoas que na realidade não existem mas não acredito que acabasse ainda hoje. Existem também outras coisas claro, hoje, por exemplo, enquanto estava a andar de autocarro, reparei no quão verde a relva estava e por ser um verde tão luminoso ao longe quase que parecia apenas luz, são essas coisas que as pessoas não dão valor que para mim são sinónimo de felicidade e não as tais relações. Infelizmente as pessoas deprimem-me mas também reconheço a minha ousadia ao dizer isto pois se agora o mundo desaparecesse menos eu acho que não seria um bom filme de se ver. Não sei se tenho tido azar ou se é mesmo assim mas aos 17 anos e particularmente desde há um ano para cá que tenho sentido esta coisa a crescer, este cansaço de pessoas que não me inspiram, que não me tocam, que não mudam nada no mundo. Não estou a dizer que eu faça essas coisas todas que exigo dos outros pois isso não seria verdade mas talvez seja esse o meu problema, exigir de mais. Para mim o estar rodeada de pessoas com quem me “rio” não significa o que transparece, até porque quando faço uma avaliação para mim mesma das coisas que oiço é que vejo o horror que é a sociedade. Eu assusto-me de já pensar assim com esta tenra idade, e sei que esta revolta me faz mal, e daí o meu feitio terrível, mas não o posso evitar, se o fizesse não seria eu. Esta é outra palavra que não me entra na cabeça… quando oiço alguém a gesticular e a contar as suas histórias e diz “Eu…” vejo-me a pensar: Mas quem és tu? E não percebo a necessidade que as pessoas têm de se distingir umas das outras, umas mais do que outras, como já tenho visto. É ridícula esta obcessão do “não me imites” quando isso apenas é uma farsa para com todos os outros. Todos absorvemos coisas das pessoas que nos rodeiam, quer seja a sua maneira de pensar, a sua maneira de vestir ou outras coisas, e é isso que nos faz crescer, não é o “vou ser diferente de todos para as pessoas pensarem qe eu sou alguém importante ou que sou muito crescida/o”. Daqui retiro a questão que mais me enfurece… que se baseia em moralidades, a meu ver ninguém tem moral para criticar o que quer que seja se já fez o mesmo embora não o admita ou “não se lembre”. Outra coisa é a memória de certos cérebros que só existe quando há algo de que se necessite, que engraçado que é ouvir as pessoas a mudarem de discurso quando se lembram que se calhar precisam de mim... Admiro mais os que continuam a achar-me indiferente e me mostram isso mesmo quando me pedem alguma coisa do que aqueles que se lembram de palavras queridas que existem para esses momentos oportunos. Preocupem-se mais em fazer uma introspecção que é o que nos falta essencialmente. Portanto respondendo ao artigo da Vogue, para mim a felicidade existe, existe na medida em que nós mesmos tenhamos a capacidade de nos proporcionar esses momentos felizes a partir do que quer que seja, duma escolha qualquer, mas a felicidade não é algo que dure para sempre sem intervalos de sofrimento, pois se não sofressemos nem saberíamos o significado de ser feliz. Felicito aqueles que conseguem encontrar felicidade apenas ao olhar para o lado, ou seja, quando querem e como querem, pois isso para mim seria A conquista.

Fire

Como já tem sido hábito, partilho novamente um dos meus vícios: a música. Esta é de Jimi Hendrix e chama-se Fire.



Letra:

Alright,
now listen, baby

You don't care for me
I don'-a care about that
Gotta new fool, ha!
I like it like that

I have only one burning desire
Let me stand next to your fire
Let me stand next to your fire [Repeat 4 times]

Listen here, baby
and stop acting so crazy
You say your mum ain't home,
it ain't my concern,
Just play with me and you won't get burned

I have only one itching desire
Let me stand next to your fire
Let me stand next to your fire [Repeat 4 times]

Oh! Move over, Rover
and let Jimi take over
Yeah, you know what I'm talking 'bout
Yeah, get on with it, baby
That's what I'm talking 'bout
Now dig this!
Ha!
Now listen, baby

You try to gimme your money
you better save it, babe
Save it for your rainy day

I have only one burning desire
Let me stand next to your fire
Let me stand next to your fire

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Referências

Deixo aqui um excerto sobre a morte do general escrito por Raul Brandão:

«O corpo (...) mal queimado foi atirado ao mar, que pouco depois o lançou de si primeira e segunda vez, foi roído pelos cães thé que por fim enterrarão na praia um resto» - in «Vida e Morte de Gomes Freire»

Raul Brandão, 1817 - A conspiração de Gomes Freire, Porto, Renascença Portuguesa, 1917

Raul Brandão

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Auto da Barca do Inferno

Venho relembrar uma obra que adorei estudar, embora tenha sido há algum tempo: O Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente. Seleccionei os excertos que se relacionavam mais com o elemento que escolhi: o fogo.

“(…)

Sapateiro: Assi que determinais
que vá cozer ò Inferno?

Anjo: Escrito estás no caderno
das ementas infernais.

Torna-se à barca dos danados, e diz:

Sapateiro: Hou barqueiros! Que aguardais?

Vamos, venha a prancha logo
e levai-me àquele fogo!
Não nos detenhamos mais!

(…)

Diabo: Entrai, padre reverendo!

Frade: Para onde levais gente?

Diabo: Pera aquele fogo ardente
que nom temestes vivendo.

Frade: Juro a Deos que nom t’entendo!
E est’hábito no me val?

Diabo: Gentil padre mundanal,
A Berzabu vos encomendo!


(…)”

"Same old fire, another flame, and the wheel rolls on."

Finalmente decidi explicar o porquê do título do blog não estar em Português. Ora acontece que quando li a peça "Felizmente Há Luar!" e me apercebi das características da personagem Matilde e principalmente da sua tentativa ao salvar o seu marido lembrei-me imediatamente da letra de uma música de uma banda que oiço bastante: Led Zeppelin. A música chama-se The Wanton Song e a letra é a seguinte:

"Silent woman in the night, you came, Took my seed from my shaking frame.
Same old fire, another flame, And the wheel rolls on.

Silent woman through the flames, you come, From the deep behind the sun
Seems my nightmares, have just begun
Left me barely holding on.

With blazing eyes you see my trembling hand.
When we know the time has come
Lose my senses, lose command
Feel your healing rivers run

Is it every time I fall, That I think this is the one
In the darkness can you hear me call
Another day has just begun.

Silent woman, my face is changed
Some know in ways to come.
Feel my fire needs a brand new flame
And the wheel rolls on.... rolls on."


A parte que me interessou foi:

"Same old fire, another flame, And the wheel rolls on.
Silent woman through the flames, you come,
From the deep behind the sun
Feel my fire needs a brand new flame
And the wheel rolls on.... rolls on."

Tradução:

O mesmo fogo antigo, outra chama, e a roda gira.
Mulher silenciosa que vens das chamas,
Tu vens do profundo atrás do sol
Sente o meu fogo que precisa de uma nova chama
E a roda gira… gira…

Ora quando pensei que iria relacionar a peça com o elemento fogo, achei que fazia todo o sentido utilizar esta frase como título visto que a morte do general deu-se na presença de uma fogueira que Matilde usa como prefácio para o que acontecerá no país. Foi ela a força maior que se viu existir ao longo da peça para libertar o general. Foi ela a mulher "silenciosa" (e aqui ponho enter aspas porque concordo que tenha sido de certa forma silenciosa porque não era ela a personagem principal) e foi ela que veio do profundo atrás do sol (sol esse que aqui, para mim, simboliza a fogueira, ou seja, é essa fogueira a força de Matilde e é aí que ela a vai buscar. A parte de e" a roda gira" interpretei como sendo o prefácio que Matilde anunciou de que algo iria mudar Portugal, principalmente S. Julião da Barra.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Relatório sobre o trabalho individual de Português

Após a sugestão da professora de Português resolvi colocar o meu relatório no blog:

No decorrer deste trabalho não senti grandes dificuldades ao realizá-lo. Estou a gostar imenso de o fazer, principalmente porque tenho imensas coisas de que gosto que se possam relacionar com o trabalho, nomeadamente o título do blog que é inglês e que mais tarde irei explicar o porquê da minha escolha. Das entradas que postei no blog, acho que a que mais gostei de fazer foi a do esquema sobre o significado do fogo na peça Felizmente Há Luar! porque penso que o fiz de modo a que demonstrasse bem aquilo que quis explicar. Como conclusão deste trabalho já tive imensas ideias, uma delas, que penso que seja a que vou seguir, relaciona-se com a obra Cena do Ódio de Almada Negreiros, que contém um excerto que se pode relacionar com o que se passava na altura, nomeadamente com a perseguição do General Gomes Freire. Quanto ao número de entradas mínimo a postar no blog por semana até agora foi respeitado. Gostei também da comparação que fiz de Matilde com o significado da Lua. Espero continuar a gostar do trabalho e que a conclusão flua da maneira que estou a pensar.

Fernando Pessoa (Álvaro de Campos) - Opiário

Gostei deste poema, gostei das ideias que transmitiu sobre a monotonia que era aquela época sem os "prazeres" que as pessoas utilizavam para se refugiarem desse tédio.

"(...)

Um dia faço escândalo cá a bordo,
Só para dar que falar de mim aos mais.
Não posso com a vida, e acho fatais
As iras com que às vezes me debordo.

Levo o dia a fumar, a beber coisas,
Drogas americanas que entontecem,
E eu já tão bêbado sem nada! Dessem
Melhor cérebro aos meus nervos como rosas.

Escrevo estas linhas. Parece impossível
Que mesmo ao ter talento eu mal o sinta!
O facto é que esta vida é uma quinta
Onde se aborrece uma alma sensível.


(...)

Leve o diabo a vida e a gente tê-la!
Nem leio o livro à minha cabeceira.
Enoja-me o Oriente. É uma esteira
Que a gente enrola e deixa de ser bela.

Caio no ópio por força. Lá querer
Que eu leve a limpo uma vida destas
Não se pode exigir. Almas honestas
Com horas pra dormir e pra comer,

Que um raio as parta! E isto afinal é inveja.
Porque estes nervos são a minha morte.
Não haver um navio que me transporte
Para onde eu nada queira que o não veja!

Ora! Eu cansava-me do mesmo modo.
Queria outro ópio mais forte pra ir de ali
Para sonhos que dessem cabo de mim
E pregassem comigo nalgum lodo.


(...)"