terça-feira, 19 de maio de 2009

Serpico

Mais um filme, outra história. Este relata uma história verídica sobre corrupção. Esta injustiça foi vivida por um polícia, não dos de agora, mas por um que ainda se preocupava mesmo com a segurança da sociedade e com a honestidade do seu trabalho, elementos com que actualmente poucas pessoas se preocupam. A ilegalidade que se presenciava era a existência de subornos que os polícias recebiam de criminosos (e a quantidade de dinheiro sem passar por quaisquer tipos de impostos não era pouca) para que eles não os prendessem. Essas quantidades eram atribuídas mensalmente a todos os polícias e só um é que recusava participar nesse tipo de corrupção, sofrendo inúmeras discriminações devido a essa nobre atitude. Essa notícia foi anunciada por este homem chamado Serpico, à famosa revista "Times", e a partir desse momento a sociedade percebeu que não estava em segurança e que não podia viver tranquilamente porque não existia ninguém de confiança. O meu objectivo com este texto é comparar este tipo de atitudes com as que a Inquisição tomava. "A Inquisição era um tribunal eclesiástico destinado a defender a fé católica: vigiava, perseguia e condenava aqueles que fossem suspeitos de praticar outras religiões. Exercia também uma severa vigilância sobre o comportamento moral dos fiéis e censurava toda a produção cultural bem como resistia fortemente a todas as inovações científicas. Na verdade, a Igreja receava que as ideias inovadoras conduzissem os crentes à dúvida religiosa e à contestação da autoridade do Papa." Tal como o momento em que Frank Serpico espalhou a notícia escandalosa, em que milhares de pessoas se sentiram revoltadas e inseguras, Blimunda, Baltasar e Bartolomeu "sentiram" a perseguição, a repreensão, a condenação, a vigilância e a tentativa de proibição de construir a passarola. Como conseguiam viver as pessoas de mente aberta e puras dessa época? Essa pergunta faço-a, com o receio da resposta ser: não conseguiam por muito tempo, porque eu, sabendo como sou, sei com toda a certeza que não me iria dar bem num ambiente desses, apesar das épocas e mentalidades serem outras. Fica aqui o apelo à honestidade e à preocupação com a comunidade (e não apenas com nós próprios) para que se assim fosse, tal como escreveu Almada Negreiros, "talvez o mundo fosse Mundo e não a retrete que é!" Apelo a mais Frank Serpicos que existam algures para que apareçam e falem, e que nos preocupem, porque a preocupação pode ser o elemento mais importante para a origem de mudanças. Mudanças essas que precisamos como nunca antes precisámos.


Al Pacino como Frank Serpico

1 comentário:

  1. Excerto sobre a Inquisição retirado de: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminario/galileu/inquisicao.htm

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