sexta-feira, 29 de maio de 2009
Memorial deste trabalho - Relatório
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Same old fire, another flame (2)
Novamente concluí que existe uma grande ligação entre o título do meu blog e o tema do trabalho. No primeiro período relacionei-o com a peça "Felizmente Há Luar!" ao aperceber-me das características da personagem Matilde, e desta vez o papel da mulher reforça-se, para mais uma vez me dar a oportunidade de a destacar com a seguinte letra da música dos Led Zeppelin, chamada The Wanton Song:
"Silent woman in the night, you came, Took my seed from my shaking frame.
Same old fire, another flame, And the wheel rolls on.
Silent woman through the flames, you come, From the deep behind the sun
Seems my nightmares, have just begun
Left me barely holding on.
With blazing eyes you see my trembling hand.
When we know the time has come
Lose my senses, lose command
Feel your healing rivers run
Is it every time I fall, That I think this is the one
In the darkness can you hear me call
Another day has just begun.
Silent woman, my face is changed
Some know in ways to come.
Feel my fire needs a brand new flame
And the wheel rolls on.... rolls on."
Novamente a parte que me interessou foi:
"Same old fire, another flame, And the wheel rolls on.
Silent woman through the flames, you come,
From the deep behind the sun
Feel my fire needs a brand new flame
And the wheel rolls on.... rolls on."
Tradução:
O mesmo fogo antigo, outra chama, e a roda gira.
Mulher silenciosa que vens das chamas,
Tu vens do profundo atrás do sol
Sente o meu fogo que precisa de uma nova chama
E a roda gira… gira…
No contexto da obra poderíamos interpretar o primeiro verso como: a corrupção e perseguição antigas, outro poder/rei, e a força de vontade mantém-se.
As "chamas" no segundo verso poderiam significar, simbolicamente, os poderes sobrenaturais de Blimunda.
O terceiro verso tem uma coincidência fantástica pois a força que está por detrás dessa mulher, falada na música, é o Sol e quem está por detrás de Blimunda é Baltasar Sete-Sóis, que tal como o sol, representa para ela a sua razão de vida, a sua fonte de "alimentação" e a iluminação dos seus dias.
O quarto verso pode muito bem representar as etapas que Blimunda tem de ultrapassar ao ficar doente por recolher as duas mil vontades, e ao procurar Baltasar por alguns anos. Novamente "a roda gira" simboliza neste contexto a enorme força de vontade desta mulher que se mantém e cresce após tudo isto.
Nesta obra não há força maior que a de Blimunda. Nela estão representadas todas as características positivas, ou seja, qualidades que qualquer mulher desejaria ter. E ao interpretarmos esta frase temos de ter em atenção que o interesse de Saramago não foi retratar a riqueza e a fama que todos procuram mas sim o bem-estar interior, a sensatez e a humildade, os sentimentos bons pelos outros e a preocupação com os mesmos e o mais importante, a força de vontade, valores estes essenciais para qualquer vida bem concretizada. Aspectos estes que à primeira vista não são os que nos passam pela cabeça quando nos perguntamos pelas coisas que fariam de nós boas pessoas e também pessoas felizes. Engraçado é o facto que, supostamente, para o sexo masculino, a felicidade seria uma coisa mais fácil de alcançar do que para as mulheres já que a esse sexo foram atribuídas melhores e vantajosas qualidades físicas que à partida nos superam. Desprezando este tipo de preconceitos e sublinhando a vontade de que estes desapareçam, esta é uma das razões pela qual, na minha opinião, Saramago optou por atribuír esse papel a uma mulher. Mulher essa que não é uma princesa ou uma rainha, ou qualquer outro cargo de grande estatuto, mas sim uma pura e simples mulher.
sábado, 23 de maio de 2009
Obras e esclarecimentos
terça-feira, 19 de maio de 2009
Serpico
Al Pacino como Frank Serpico
domingo, 17 de maio de 2009
Baltasar como pintura
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Veracidade deste memorial
No decorrer da minha pesquisa encontrei vários documentos que falavam sobre a existência de uma mulher "anormal" que tinha poderes.
"Esta rapariga, motivo de assombro para quem a conhece (...) possui desde a mais tenra idade o dom de ver o interior do corpo humano bem como as entranhas da terra. Aparentemente os seus olhos são como os do comum dos mortais, apenas muito grandes e verdadeiramente belos (...) A sua vista penetra a terra no lugar onde há nascentes que ela descobre a uma profundidade de trinta ou quarenta braças, sem recurso de vara; diz com precisão o curso da água, a profundidade a que se encontra a nascente e distingue as cores e a variedade das camadas de terra que existem sob a superfície. Este dom maravilhoso só o usufrui quando está em jejum."
Anónimo, «Descrição da cidade de Lisboa», in O Portugal de D. João V visto por três forasteiros.
"Confesso que não me atrevo a explicar o dom que ela possuía de ver o corpo humano, bem como o dos animais, por dentro e outrossim o interior da terra a uma grande profundidade (...) Não era possível duvidar da faculdade desta mulher a descobrir as águas subterrâneas."
Charles Fréderic de Merveilleux, «Memórias intrutivas sobre Portugal», in O Portugal de D. João V visto por três forasteiros.
Estes relatos fazem me então pensar na existência da loucura de quem os escreveu ou no fenómeno que foi esta mulher. Mais uma vez a partir desta informação, Saramago conseguiu contruir uma história digna de filme ao misturar o romance, o convento, o sonho, a morte e os poderes num só livro.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Paralelismos
Quando no início do livro Blimunda encontra pela primeira vez Baltasar, ela pergunta-se acerca do seu nome no decorrer de um auto-de-fé, sítio onde se dá a morte do seu amado:
"Que nome é o seu, e o homem disse, naturalmente, assim reconhecendo o direito de esta mulher lhe fazer perguntas".
Naquele extremo arde um homem a quem falta a mão esquerda".
Talvez o local de encontro destes amantes onde se conheceram pela primeira vez fosse um prefácio para o que os iria separar. Tudo devido à perseguição pela Inquisição, ou seja, tudo acaba onde começou.
Quando a Inquisição condena a mãe de Blimunda no início do livro e no final da história é condenado Baltasar e finalments a comunicação que Blimunda tem com a sua mãe e com Baltasar, ambos num momento de desespero:
"adeus Blimunda que não te verei mais".
"Então Blimunda disse, Vem. Desprendeu-se a vontade de Baltasar Sete-Sóis".
Na minha opinião o amor que Blimunda tem pela mãe que está prestes a ser condenada é reforçado desde o momento em que conhece Baltasar que de certa forma a completa. A mãe de Blimunda e Baltasar são duas forças fulcrais para esta personagem. Uma que simboliza os seus poderes e outra que simboliza o amor. Ambas simbolizam uma cara-metade.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Barroco e Jazz
Música Barroca: Muito entusiasta quer o tema fosse feliz ou triste. É frequente o uso do orgão. Os sons são rápidos e curtos. Utilização de uma escala num tom preferencialmente agudo.
Literatura: A linguagem é antiquada e isso verifica-se nas expressões utilizadas por Saramago. É frequente a invocação da religião e o uso de uma linguagem dramática devido à quantidade de figuras de estilo utilizadas.
Jazz contemporâneo do Barroco: Este tipo de música segue o Barroco mas utiliza tons mais graves e prolongados assim como instrumentos modernos. Recorre também ao estilo próprio do Barroco (sons rápidos e agudos) mas com um ritmo mais próprio do Jazz. A velocidade com que se repete o "tema padrão do barroco" vai aumentando conforme a música decorre e vão sendo introduzidos novos instrumentos.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Relatório
Quando comecei a ler esta obra não senti grande entusiasmo devido à maneira esquisita com que apelidamos a escrita de Saramago e devido à história entre a rainha e o rei que me fazem lembrar de História, disciplina que nunca andou de braço dado comigo. O tema que mais gostei de escrever foi o "B de (2)" porque está relacionado com uma pesssoa que eu conheço muito bem, talvez até a que eu conheço melhor e provavelmente por isso ter tirado tanto proveito de o ter feito. Continuarei assim a escrever com agrado e vou fazer ainda esta semana uma entrada no blog relativamente às musicas que ouvimos na aula inseridas no Barroco, como de Scarlatti e de Jazz.
domingo, 3 de maio de 2009
sábado, 2 de maio de 2009
B de (2)
Beltrão: (anglo-saxão) Negro e brilhante.
Bárbara é o nome pelo qual chamo a minha melhor amiga e é com ela que partilho exclusivamente os meus sentimentos e tudo o que me rodeia. É ela que me percebe e que me aconselha. É a ela que agradeço por me permitir ser como sou e por ainda abençoar-me por isso. Obrigada por tudo o que deste de ti desde que nos conhecemos. O conhecer para nós não é algo linear mas sim de uma profundidade tal que não precisamos de falar para ambas sabermos o que a outra está a pensar. É quando essas coisas acontecem que sabemos o verdadeiro significado de conhecer! És tu quem distingue e quem criou os meus sete sorrisos. Todos diferentes, todos usados cuidadosamente mas inconscientemente.
Oh barbara que eu gosto tanto de ti! Um tanto que não se mostra pela amplitude de quanto os meus braços abrem mas sim por muito mais do que isso! Vamos viver outra vez com a intensidade que vivemos! Sem ligar ao que outros dizem de ti ou de mim, vamos as duas puxar os cordelinhos do mundo! Vamos ser pequenas para sempre que eu não quero ser grande! Não quero crescer e preocupar-me com as coisas dos crescidos, quero apenas estar ao teu lado e não ligar a tais preocupações com que os outros se deparam. Vamos à procura da terra do nunca e torná-la a terra do sempre! És a melhor pessoa do universo e repara que ele é infinito! Vamos fugir as duas deste mundo e desta ira imensa que lhe pertence!
Será o B a causa desta ternura? Poderá ter sido o Saramago a juntar-nos? Tu serias quem? Provavelmente a Blimunda por seres o anjo que és e por teres o cuidado de sentir tudo o que te toca, uma qualidade que à tua maneira é só e só tua! Obrigada Bárbara por me ensinares um novo significado da palavra Amizade. Obrigada!
sexta-feira, 1 de maio de 2009
B de (1)
"Do germânico: Protegido por Deus."
B de Blimunda:
"Do germânico: Representa a força, a contestatação do poder e a resistência."
B de Bartolomeu:
"Do Hebraico: Vencedor nato."
Será uma grande coincidência o facto do nome das três personagens principais desta obra, que se ajudam umas às outras, começar por B? Eu não acredito. O número 3 é conhecido por ser o número do Divino, mas já que esta história representa um trio terrestre isto siginifca que o 3 precisará de passar para o 4: número da terra. Esse quarto elemento surge na personagem de Domenico Scarlatti, um músico. Sendo quatro o número da totalidade, podemos agora dizer que o trio estava à espera de ser completo. Baltasar significa "protegido por Deus" e segundo a minha opinião acho este significado bastante apropriado, não fosse Baltasar ter perdido uma mão na guerra. A partir desse momento observamos à quase destruição desta personagem por se tornar num vagabundo, coisa que acabou quando conheceu Blimunda. A força que a retrata podemos vê-la através do recolher das duas mil vontades e do seu estado debilitado que através de Scarlatti depressa melhorou. A contestação do poder podemos verificar logo desde o início quando a mãe de Blimunda é condenada por ser acusada de feiticaria. A resistência é o que simboliza tudo o que ela passa. Desde a condenação da mãe até aos nove anos de angústia à procura de Baltasar. Bartolomeu significa "vencedor nato" e acho que esta expressão pode ser corroborada desde o momento e que o seu sonho é construir a passarola e fazê-la voar, e para isso este padre tem de "lutar" contra a Inquisição e continuar a acreditar no seu sonho: um padre que se deixou levar pela ciência, coisa que era muito controlada pela Igreja - a sua suposta casa. Domenico aparece agora para ajudar este trio no seu trabalho aliando o engenho e a magia com a arte. Foi com a sua música que Blimunda recuperou do seu estado débil. Mais uma vez sendo a personagem Blimunda a que melhor representa a força, é esta a única pessoa do trio que sobrevive, apesar da vida não ter sido sempre tomada como um dado adquirido ao longo da sua história. Outro aspecto importante: Bal-ta-sar e Bli-mun-da. Ambos os nomes são compostos por três sílabas, número que nos leva ao divino. Nessa divindade está subentendida o amor entre estas duas personagens que parece nada ter de imperfeito e a perfeição não é coisa que pertença à terra mas sim aos divinos. Do-me-ni-co e Bar-to-lo-meu. Ambos os nomes são compostos por quatro sílabas e desta vez este número leva-nos à terra. Elemento subentendido nas duas personagens: em Bartolomeu porque a terra para ele foi apenas um motivo para sair dela mesma - através do seu sonho da passarola e também porque a ciência é algo que pertence à terra pois se a ela não pertencesse, esta não existira devido à falta de fenómenos à espera de serem estudados. Domenico neste caso representa a costrução da passarola e a vontade de ver Blimunda "regressar à terra" e não a de a ver ir para debaixo desta. Scar-la-tti. Domenico Scarlatti que é conhecido por estes dois nomes é uma personagem que representa tanto a terra como o divino. Como neste nome apenas vemos três sílabas é aqui que vemos o divino através da sua arte: a música, através da qual Blimunda recuperou da sua doença o que nos permite classificar esta cura como divina.
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Diário de Domenico Scarlatti
Hoje, como já tenho feito algumas vezes, fui tocar para Blimunda. Tudo isto para ver se ela se consegue levantar e se se consegue libertar da sua doença tão peculiar... Agora que o Padre Bartolomeu morreu, resta-nos a mim, a Baltasar e a Blimunda dar um futuro à passarola, objecto voador que serviu para nos unir. Eu e a minha música faremos todos os possíveis para que o sonho deste homem tão bondoso seja concretizado. Baltasar e Blimunda ficaram completamente devastados com a notícia. Só espero que isto não faça Blimunda piorar, mas se tivermos sorte ela vai ficar bem, até porque ela acredita piamente na minha música e isso só pode querer dizer algo. Esperemos que tudo corra bem e que ninguém desista deste sonho pois nada faria o Padre Bartolomeu mais contente do que ver o seu sonho concretizado...
domingo, 26 de abril de 2009
Diário de Baltasar
Que bom foi encontrar finalmente um sentido para a minha vida! Creio que se não fosse Blimunda, provavelmente estaria num canto qualquer a arruinar a minha vida... Também tenho de agradecer ao meu grande amigo, o padre Bartolomeu! Se não fosse ele e o seu projecto de construir a passarola, já nem eu iria saber o significado de sonhar! Agradeço-lhe por acreditar em mim e por não se preocupar com o facto de eu ser maneta... que rico homem! Agora mudando drasticamente de tema, tenho pensado dias a fio sobre a construção do Convento já que me vou integrar no conjunto de operários que o vão erguer! O rei para variar não pensa em sensatez, e muito menos no povo! Chega de escravatura! Tudo isto para o Convento estar acabado no dia de aniversário de El-rei? Chega de injustiças! Estão dezenas de pessoas a morrer todos os dias por causa da vontade do rico senhor! Que vergonha! Vou parar de escrever sobre estas coisas não venha a Inquisição qualquer dia ler-me os desabafos!
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Convento de Mafra versus Passarola
Significado de convento:
O termo convento, do latim conventus que significa "assembleia", advém originalmente da assembleia romana onde os cidadãos se reuniam para fins administrativos ou de justiça (convéntum jurídicum). Posteriormente passou-se a utilizar com sentido religioso, relativamente ao monasticismo quando, para melhor servir e amar a Deus, os homens se retiravam do mundo, primeiro sozinhos, depois em grupos de monges (comunidades religiosas), para edifícios concebidos para o efeito, os conventos.
Acho que esta definição sublinha de forma adequada as duas interrogações do primeiro parágrafo.
Agora falemos de outra coisa. Uma coisa que não tem bem definição mas que no livro se chama de sonho. Para mim devia chamar-se coisa porque o que está por detrás do construir da passarola não é completamente linear, e pode ter até diversas interpretações. Será que era mesmo só o amor pela ciência? Ou só o desejo de voar? Será que o voar era uma metáfora? Metáfora para o povo? Ou metáfora para a Igreja? Será que o padre queria voar para junto daqueles que ele idolatra? O meu nome de certo que não é Bartolomeu Lourenço de Gusmão portanto não poderei responder a estas perguntas, mas vou continuar a chamar-lhe coisa.
Significado de passarola:
A primeira aeronave conhecida no mundo a efectuar um voo foi baptizada de Passarola, e antecede 74 anos o famoso balão dos Montgolfier. A Passarola era um aeróstato, cujas características técnicas não são actualmente conhecidas na totalidade, inventado por Bartolomeu de Gusmão, padre e cientista português nascido no Brasil colónia, tendo voado no ano de 1709.
Esta era um aeróstato aquecido a ar quente, aquecimento esse que era produzido através de uma fonte de ignição instalada numa barca sob o aparelho. Tecnicamente a passarola devia ter as características dos actuais balões de ar quente.
A minha tradução deste último parágrafo segundo o contexto da obra:
Esta era um aeróstato especial que voava consoante as vontades, vontades essas recolhidas por Blimunda que tinha a ajuda do seu companheiro Baltasar que era o técnico do engenho. Ficcionalmente a passarola representa o amor de Blimunda e Baltasar e é o querer voar, num sentido ficcional da palavra que os mantém unidos.
Ora bem, se compararmos agora estes dois elementos acho que mais facilmente se derrubaria a obra de Johann Friedrich Ludwig do que a obra do Padre de Bartolomeu de Gusmão. E com todo o respeito ao arquitecto, não me refiro a uma envergadura física.
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Diário de Blimunda
Querido Diário,
Cada vez me sinto melhor ao lado de Baltasar. É tão gratificante ver um homem que já sofreu tanto capaz de amar os outros e de se dedicar aos amigos como ele se dedica. Já contei o meu pequeno segredo a Baltasar e hoje quando acordámos ele tirou-me o pão com esperanças de que eu olhasse para ele em jejum e visse o seu interior. Eu recusei-me porque para mim basta amar Baltasar, e esse sentimento é suficiente para eu aceitá-lo tal como ele é. É com ele que partilho as minhas tristezas, alegrias e preocupações da vida. É com ele que somos um ser apenas e é ao lado de Baltasar que quero passar o resto dos meus dias.
Ontem o Padre Bartolomeu falou-nos no seu projecto da passarola e Baltasar mostrou-se muito interessado em ajudá-lo. A minha função será recolher as vontades que farão com que a passarola voe. Esperemos que os meus "poderes" não se tornem obstáculos. Apenas escrevo isto devido às minhas preocupações pois talvez não seja assim tão compensador ver as inquietações da morte, do amor, do pecado e claro, da religião nos outros. Preocupo-me todos os dias com essa última parte pois já a minha mãe foi acusada de ser feiticeira pelos poderes que tinha. A única coisa que vejo pura no meio disto é o amor que há entre mim e Baltasar. Esse sim foge a todos os males da sociedade...
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Diário de D. João V
Meu Diário,
Cada vez me agonia mais cumprir o dever que um matrimónio implica. As duas noites semanais que tenho de dormir com a rainha dão me vontade de não o cumprir. Estou à espera de um descendente à meses e ela não mo parece querer dar. A culpa não é minha claro, pois após todas as minhas tentativas de ter um rapaz, que foram bem cumpridas, a rainha ainda não conseguiu engravidar. Falei com a Igreja, que me dá a sua bênção em todos os meus actos e foi-me dito que certamente eu iria conseguir ter um filho se erguesse um convento grandioso em Mafra. Como a Igreja ainda não me desiludiu, essa vai ser a medida que vou tomar e com alguma sorte terei o meu filho a chegar brevemente. Vou preparar-me para as minhas reuniões com as belíssimas senhoras que me fazem companhia e me tiram deste mundo de obrigações para com Portugal. Mas esse é o meu dever, e eu como toda a elegância irei cumpri-lo sem problemas.
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Diário do Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão
17 de Fevereiro de 1710
Abençoado Diário,
O período em que vivemos faz-me questionar seriamente a minha vida e os princípios que sempre segui. A minha devoção a Deus não me permite fazer o que gosto e nada me põe mais triste e inquieto do que não poder construir a minha máquina voadora, principalmente quando tenho a ajuda de Baltazar e de Blimunda, que têm sido uma bênção para mim. Baltazar inspira-me e dá-me forças para continuar e agradeço-lhe as vezes que ele me demoveu de desistir do meu sonho. Ver um homem da guerra que mostra ser tão forte como um homem qualquer e que não liga à sua incapacidade inspira-me a continuar a querer voar onde até agora só subiram Cristo, a Virgem e alguns santos. Tristemente a Igreja nomeia as minhas intenções de bruxaria e perseguem-me por me acusarem de bruxo. Já pensei em desistir e entregar-me mas o meu sonho é ver a passarola acabada e poder voar nela com Baltazar e Blimunda que tanto me ajudaram. A Inquisão não me permite sonhar nos tempos que decorrem e vejo-me assim obrigado a fugir. Desaparecer na minha máquina para onde ninguém me persiga e para onde possa viver em paz. O que me conforma é saber que posso passar o meu projecto a Baltazar caso algo corra mal e que ele o acabará com orgulho e entusiasmo. Continuarei a sonhar mesmo que o meu sonho me classifique como herege ou hipócrita por rezar todos os dias para que nada de mal me aconteça, nem a mim nem aos meus companheiros.
terça-feira, 14 de abril de 2009
Memorial do convento
domingo, 15 de março de 2009
Relatório final
segunda-feira, 9 de março de 2009
Relatório da Visita de Estudo
Uma boa visita de estudo, mas principalmente um bom ambiente de turma.
sábado, 7 de março de 2009
Fim proposto
"Ó Horror! Os burgueses de Portugal
têm de pior que os outros
o serem portugueses!
A Terra vive desde que um dia
deixou de ser bola do ar
p'ra ser solar de burgueses.
Houve homens de talento, génios e imperadores.
Precisaram-se de ditadores,
que foram sempre os maiores.
Cansou-se o mundo a estudar
e os sábios morreram velhos
fartos de procurar remédios,
e nunca acharam o remédio de parar.
E inda eu hoje vivo no século XX
a ver desfilar burgueses
trezentas e sessenta e cinco vezes ao ano,
e a saber que um dia
são vinte e quatro horas de chatice
e cada hora sessenta minutos de tédio
e cada minuto sessenta segundos de spleen!
Ora bolas para os sábios e pensadores!
Ora bolas para todas as épocas e todas as idades!
Bolas pròs homens de todos os tempos,
e prà intrujice da Civilização e da Cultura!
Eu invejo-te a ti, ó coisa que não tens olhos de ver!
Eu queria como tu sentir a beleza de um almoço pontual
e a f'licidade de um jantar cedinho
co'as bestas da família.
Eu queria gostar das revistas e das coisas que não prestam
porque são muitas mais que as boas
e enche-se o tempo mais!
Eu queria, como tu, sentir o bem-estar
que te dá a bestialidade!
Eu queria, como tu, viver enganado da vida e da mulher,
e sem o prazer de seres inteligente pessoalmente!
Eu queria, como tu, não saber que os outros não valem nada
p'ra os poder admirar como tu!
Eu queria que a vida fosse tão divinal
como tu a supões, como tu a vives!
Eu invejo-te, ó pedaço de cortiça
a boiar à tona d'água, à mercê dos ventos,
sem nunca saber que fundo que é o Mar!
Olha para ti!
Se te não vês, concentra-te, procura-te!
Encontrarás primeiro o alfinete
que espetaste na dobra do casaco,
e depois não percas o sítio,
porque estás decerto ao pé do alfinete.
Espeta-te nele para não te perderes de novo,
e agora observa-te!
Não te escarneças! Acomoda-te em sentido!
Não te odeies ainda qu'inda agora começaste!
Enioa-te no teu nojo, mastodonte!
Indigesta-te na palha dessa tua civilização!
Desbesunta te dessa vermência!
Destapa a tua decência, o teu imoral pudor!
Albarda te em senso! Estriba-te em Ser!
Limpa-te do cancro amarelo e podre!
Do lazareto de seres burro!
Desatrela-te do cérebro-carroça!
Desata o nó-cego da vista!
Desilustra-te, descultiva-te, despole-te,
que mais vale ser animal que besta!
Deixa antes crescer os cornos que outros adornos da
Civilização!
Queria-te antes antropófago porque comias os teus
– talvez o mundo fosse Mundo
e não a retrete que é!"
A relação que eu vejo entre as duas obras:
As palavras a negrito são as que podem ser substituidas pelas palavras que estão entre parêntesis.
"Ó Horror! Os burgueses de Portugal têm de pior que os outros o serem portugueses!"
(Principal Sousa, D. Miguel Forjaz e Beresford)
"Houve homens de talento, génios e imperadores."
(General Gomes Freire)
"Precisaram-se de ditadores, que foram sempre os maiores."
(Beresford)
"E inda eu hoje vivo no século XX a ver desfilar burgueses trezentas e sessenta e cinco vezes ao ano, e a saber que um dia são vinte e quatro horas de chatice e cada hora sessenta minutos de tédio e cada minuto sessenta segundos de spleen!"
(século XVIII, perseguição, opressão, injustiça)
No resto da obra quando Almada Negreiros inveja tudo aquilo que refere, podemos ver um apelo à paz, à pureza das almas, no sentido em que todos procuram denunciar todos e isso gera um clima de desconfiança que perturba a mente das pessoas. Ele pede para as pessoas se manterem puras e resistirem aos males da sociedade (apesar de todo este "apelo" ser processado de uma maneira extremamente crítica e satírica) "Albarda te em senso! Estriba-te em Ser! Limpa-te do cancro amarelo e podre!" Ele quer que as pessoas tomem uma atitude, que reajam, porque ele pensa que mais vale reagir e ser falado e talvez repreendido por isso do que ser uma "besta" igual a todos os outros corruptos da sociedade.
O fim da peça
• Vicente, que representa a hipocrisia e o oportunismo. É materialista pois pretende uma ascensão social rápida.
• Andrade Corvo e Morais Sarmento que representam a cobardia, a traição e a subserviência.
• D. Miguel Forjaz que representa a prepotência e a corrupção.
• Beresford que representa o castigo e a denúncia de traidores, a superioridade inglesa e o desprezo por Portugal
• Principal Sousa: fanático, corrompido pelo poder eclesiástico e odeia os franceses.
Estas personagens são todas símbolos de tirania, opressão, traição, injustiça e todas as formas de perseguição, e têm um alvo em comum: o General Gomes Freire de Andrade que acaba por ser morto devido à exaustiva perseguição por parte destas personagens.
segunda-feira, 2 de março de 2009
Menina do Mar - Recordações
Alguns excertos do livro Menina do Mar de Sophia de Mello Breyner:
"- Não; mas tem lá dentro uma coisa maravilhosa, linda e alegre que se chama o fogo. Vais ver."
"A Menina deu palmas de alegria e pediu para tocar no fogo."
"- Isso - disse o rapaz - é impossível. O fogo é alegre mas queima.
- É um sol pequenino - disse a Menina do Mar."
"E o rapaz soprou o fósforo e o fogo apagou-se."
"- Não sou bruxo. O fogo é assim. Enquanto é pequeno qualquer sopro o apaga.
Mas depois de crescido pode devorar florestas e cidades.
- Então o fogo é pior do que a Raia? - perguntou - a Menina.
- É conforme. Enquanto o fogo é pequeno e tem juízo é o maior amigo do
homem: aquece-o no Inverno, cozinha-lhe a comida, alumia-o durante a noite.
Mas quando o fogo cresce de mais, zanga-se, enlouquece e fica mais ávido, mais
cruel e mais perigoso do que todos os animais ferozes."
domingo, 22 de fevereiro de 2009
V for Vendetta
Aqui está a fala:
"Voila! In view humble vaudevillian veteran, cast vicariously as both victim and villain by the vicissitudes of fate. This visage, no mere veneer of vanity, is a vestige of the vox populi now vacant, vanished. However, this valorous visitation of a bygone vexation stands vivified, and has vowed to vanquish these venal and virulent vermin, van guarding vice and vouchsafing the violently vicious and voracious violation of volition. The only verdict is vengeance; a vendetta, held as a votive not in vain, for the value and veracity of such shall one day vindicate the vigilant and the virtuous. Verily this vichyssoise of verbiage veers most verbose, so let me simply add that its my very good honour to meet you and you may call me V."
Uma parte importante deste filme foi a necessidade de confiança entre as duas personagens de que falei. Para essa confiança ser sólida V faz coisas terríveis que aterrorizam Eve, mas que a fazem entender a sua causa. V agarra-se à sua causa dessa maneira devido ao seu passado. E é quando nos dão a possibilidade de ver esse passado que vemos o porquê da maneira de ser de V. Vemo-lo surgir do fogo, prometendo vingança, e é este fogo que faz nascer este herói chamado V:
Scarface
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Falas
Sousa Falcão - "Não estou de luto por ele, Matilde, mas a noite passada não pude dormir. Passei a noite a pensar, e, de madrugada, percebi que não sou quem julgava ser..."
Matilde - "O clarão da fogueira! Quando o virmos, já ele está aqui ao pé de nós! Foi para o receber que eu vesti a minha saia verde!"
Matilde - "Julguei que isto era o fim e afinal é o princípio. Aquela fogueira, António, há-de incendiar esta terra!"
Matilde - "Olhem bem! Limpem os olhos no clarão daquela fogueira e abram as almas ao que ela nos ensina! Até a noite foi feita para que a vísseis até ao fim..."